Jornalista de formação, com diploma em Tecnologias Exponenciais pela Singularity University, instituição situada na NASA, no Vale do Silício, Mariana Fonseca é a fundadora da Mariposa, empresa de curadoria e produção de conteúdo sobre futurismo, tecnologias e impacto social. Ela também está à frente da Pipe.Social, plataforma que oferece mentoria e conecta negócios brasileiros de impacto social e ambiental a investidores, aceleradoras e potenciais parceiros para que as inovações possam ser colocadas em prática.
Como você define o seu trabalho?
Um olhar para o mundo a partir da perspectiva do uso da tecnologia para alcançar mais igualdade, respeito e acesso.
O que é ser uma expert em futurismo?
Futurismo tem menos a ver com diploma e mais a ver com uma forma de olhar para o futuro, para a tecnologia, e analisar o impacto dela a longo prazo, desenvolvendo cenários baseados nessas possibilidades. É ter uma visão macro do mundo, relacionada à tecnologia e aos novos arranjos que ela causa na sociedade.
Como você define um “negócio de impacto”, termo que costuma usar?
Um negócio de impacto não segue aquela lógica antiga de ganhar dinheiro e depois abrir uma ONG ou fundação ele une as duas coisas e já nasce para ganhar dinheiro, mas também para resolver um problema.
Qual é a representatividade das mulheres na área de tecnologia hoje?
Há grandes mulheres liderando negócios de impacto, aceleradoras e fundações, mas os investidores, quem põe dinheiro nesses negócios, ainda são, em sua maioria, homens. São poucas as mulheres atuando nesse setor. Já no mercado do futurismo, há muitas mulheres estudando análise de tendência em moda, beleza e lifestyle, por exemplo, mas quando olhamos para a área de tecnologia, o número de mulheres nessas empresas e nessas conversas diminui bastante.
O que te inspira?
“Fazedores” me inspiram muito. São pessoas que, em momentos de crise, contribuem para sair daquele lugar, para que a coisa mude. Olhar em volta e ver perto de mim pessoas gerando negócios e propondo novos caminhos e realidades é genial e inspirador.
Como você imagina o futuro da nossa relação com a tecnologia?
Acredito que as relações com a tecnologia serão cada vez mais intensas. Uma tendência no mercado de trabalho, por exemplo, são as colaborações homem-máquina: um médico contar com a inteligência artificial para tirar dúvidas de diagnóstico é um exemplo clássico. Por outro lado, as pessoas precisam cada vez mais saber o que está por trás dessas máquinas, como elas teorizam e geram suas análises, porque é preciso conhecer as lógicas por trás de cada uma das novas tecnologias para entendermos os nossos limites em relação a elas.
Qual foi o projeto mais inovador que você conheceu recentemente?
Na Pipe conheço todos os dias coisas legais que estão sendo desenvolvidas no Brasil, desde a criação de grilos em laboratório para gerar proteína com baixo impacto ambiental até a coleta de gel de fraldas para fazer plantação no semiárido. Fora do país, um projeto que me impactou muito foi o Human-on-a-Chip, de Israel, que usa microfluídos para testes de medicamentos e permite verificar a ação dos remédios nos órgãos sem ingeri-los, e dispensa os testes em animais.