Questions for: Jackson Araujo

Jackson Araujo is a versatile journalist, creative consultant and author, he is the visionary behind the term “affective economy”, a philosophy that proposes placing value in the collective to drive the creation of innovative products. As a TEDx speaker and creative director of Trama Afetiva, he explores fashion as a tool for social transformation, emphasizing industry interactions guided by respect, empathy and diversity. 

What is affective economy?

Affective economy is a way of reinventing the market by valuing the collective gains from the relationships between creation, production, sale and consumption. It is a concept created by me in 2014 to be a catalyst for interactions guided by respect, empathy and complementarity. The strength of this proposal involves the feeling of being together and doing things together, thinking about what is good for others and for the planet, strengthening the idea that fashion is no longer about clothes: it is about people. 

Why choose the umbrella as the main material in Trama Afetiva's creations? Do you intend to work with other materials in the future?

Initially, we worked with indigo waste (2016), then with cotton knit waste (2018) and with felt produced from defective clothing, which, when defibrated, became a very resistant, recycled and doubly recyclable raw material without losing its original properties. The umbrella was chosen during the pandemic in 2020. As Trama Afetiva presupposes meetings, workshops and sewing workshops held in person and, in those years, we could not work in this way, so we embarked on the idea of using nylon from umbrellas, a study started in 2013 by designer Itiana Passetti, from the Revoada platform, who also works as a designer-teacher at Trama Afetiva. We decided to work online, with me as creative director and designer teachers Itiana Passetti, Thais Losso and Jorge Feitosa. Since then, we have expanded this research, working with new cooperatives of waste pickers and seamstresses on the outskirts of São Paulo. New materials are always welcome, but this also requires investment in people capable of creating practical solutions for these materials. The study, as does the financial investment, must be continous and tireless. No rush, but focus.

Do you believe that upcycling could become a more widespread practice in the fashion industry? Why?

Yes, it could! The fashion market that can influence this global change is the luxury market, but it is lagging behind in this sense. Even though we see very positive creative actions at Maison Martin Margiela, under the creative direction of John Galliano, and at Miu Miu, which has invested in a line of jeans and leather bags created from the reuse of raw materials left in stock. It makes a lot of sense for this practice to gain space, after all, the textile industry is an important generator of waste – responsible for 2% to 8% of global carbon dioxide emissions, in addition to polluting water sources in the dyeing phase (data from UNEP, the United Nations Environment Programme). With upcycling, resources are used more efficiently throughout their life cycle, and this technique promotes the reuse of “dead” raw materials; reduces the extraction of new raw materials; combats waste; and reduces waste disposal that could take up to thirty years to decompose – as is the case of nylon from umbrellas.

 How can fashion be a tool for social transformation?

By acting directly in caring for people, ceasing to be a practice based on exclusion, exclusivity, and the idea of “I have it, you don’t have it.” Fashion needs to include and respect black, indigenous, fat, PWD, transgender people in spaces of creation, management and decision-making. When fashion actually practices inclusion, it will be able to act as a tool for social transformation. This is what we seek to learn and practice every day at Trama Afetiva.

How can brands create discourses that not only inform, but also inspire sustainable actions from consumers?

By not giving up on studying contemporary behavioral and climate changes, making their communication channels bridges that simplify the understanding of sustainability, transforming this information into something beautiful, with visual impact and easy to understand. Unfortunately, we still must deal with higher prices when compared to the prices charged by fast fashion, for example. The biggest challenge is to educate about the value of things versus their price.

What sustainable action have you not been able to incorporate yet, but have as a goal?

Becoming a project that brings together many waste picker cooperatives in the state of São Paulo, strengthening environmental education through this connection to generate financial sustainability for those who get up every day to take care of our cities.

What can we do now to positively impact the future?

The future is here and now. I believe that a real first step is to take care of what you discard and how you discard it. Each person must assume their role as author and actor in this catastrophic film that we are living through. The climate boiling is here to prove it. It is a one-way journey. Now we must try to regenerate relationships, creative processes and what was destroyed on the planet. Never give up.


Jackson Araujo é uma figura polivalente. Jornalista, consultor criativo e autor, ele é o visionário por trás do termo “economia afetiva”, uma filosofia que propõe a valorização do coletivo para impulsionar a criação de produtos inovadores. Como TEDx speaker e diretor criativo da Trama Afetiva, ele explora a moda como ferramenta de transformação social, destacando interações na indústria pautadas por respeito, empatia e diversidade.

 O que é economia afetiva?

É uma forma de reinventar o mercado pela valorização dos ganhos coletivos nas relações de criação, produção, venda e consumo. É um conceito criado por mim em 2014 para ser um catalisador de interações orientadas por respeito, empatia e complementaridade. A força dessa proposta envolve o sentimento de estar junto e de fazer junto, pensando no que é bom para os outros e para o planeta, fortalecendo o pensamento de que a moda não é mais sobre roupas: é sobre pessoas.  

Por que a escolha do guarda-chuva como material principal nas criações da Trama Afetiva? Pretende trabalhar com outros materiais no futuro?

Inicialmente, trabalhamos com resíduos de índigo (2016), depois com resíduos de malha de algodão (2018) e com um feltro produzido a partir de roupas com defeitos, que desfibradas viraram uma matéria- -prima resistente, reciclada e duplamente reciclável sem perder suas qualidades originais. A escolha do guarda-chuva veio em 2020 com a pandemia. Como a Trama Afetiva pressupõe encontros, workshops e oficinas de costura realizados presencialmente e, naqueles anos, não poderíamos atuar da mesma forma, embarcamos na ideia de utilizar náilon de guarda-chuvas, uma pesquisa iniciada em 2013 pela designer Itiana Passetti, da plataforma Revoada, que atua também como designer-tutora na Trama Afetiva. Resolvemos trabalhar online, eu como diretor criativo e os designers-tutores Itiana Passetti, Thais Losso e Jorge Feitosa. Desde então, amplificamos essa pesquisa, atuando junto a novas cooperativas de catadoras e costureiras da periferia de São Paulo. Novos materiais são sempre bem-vindos, mas isso também demanda investimento em pessoas aptas a criar soluções práticas para essas matérias. O estudo precisa ser contínuo e incansável, assim como o investimento financeiro. Aqui, andamos sem pressa, mas com foco. 

Você acredita que o upcycling pode se tornar uma prática mais difundida na indústria da moda? Por quê?

Sim! O mercado da moda que pode influenciar essa mudança global é o de luxo, mas ele está atrasado nesse sentido. Ainda que vejamos atitudes criativas bastante positivas na Maison Martin Margiela, sob direção criativa de John Galliano, e na Miu Miu, que tem investido numa linha de jeans e de bolsas de couro criadas a partir da reutilização de matéria-prima parada em estoque. Faz muito sentido que essa prática conquiste espaço, afinal, a indústria têxtil é uma importante geradora de resíduos – responsável por 2% a 8% das emissões globais de gás carbônico, além de poluir fontes de água na fase de tingimento (dados do Pnuma – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente). Por meio do upcycling, recursos são usados de maneira mais eficiente ao longo de seu ciclo de vida, e essa técnica promove o reaproveitamento de matérias-primas “mortas”; diminui a extração de novas matérias-primas; combate o desperdício; e reduz descarte de resíduos que poderiam levar até trinta anos para se decompor – como é o caso do náilon de guarda-chuvas.

Como a moda pode ser uma ferramenta de transformação social?

Atuando diretamente no cuidado com as pessoas, deixando de ser uma prática fundamentada pela exclusão, pela exclusividade, baseada no pensamento “eu tenho, você não tem”. A moda precisa profundamente incluir e respeitar protagonistas negros, indígenas, gordos, PCDs, pessoas transvestigêneres em lugares de criação, direção e tomada de decisão. Quando a moda de fato praticar a inclusão, ela estará apta a ser uma ferramenta de transformação social; é o que buscamos aprender e praticar todos os dias na Trama Afetiva.  

De que modo as marcas podem criar discursos que não apenas informem, mas também inspirem ações sustentáveis por parte dos consumidores?

Não desistindo de estudar as mudanças contemporâneas, comportamentais e climáticas, fazendo de seus canais de comunicação pontes que simplificam o entendimento sobre sustentabilidade, transformando essa informação em algo bonito, de impacto visual e de fácil entendimento. Infelizmente, ainda precisamos lidar com o preço mais alto frente aos preços praticados pela fast fashion, por exemplo. O desafio maior é educar sobre o valor das coisas versus seu preço.

E qual ação sustentável você ainda não conseguiu incorporar, mas tem como meta?

Virar um projeto que congregue muitas cooperativas de catadores e catadoras do estado de São Paulo, fortalecendo por meio dessa conexão a educação ambiental para gerar a sustentabilidade financeira de quem se levanta todo dia para cuidar de nossas cidades.

O que podemos fazer agora para impactar positivamente o futuro?

O futuro já chegou. Acredito que um primeiro passo de fato é cuidar daquilo que você descarta e como você descarta. Cada pessoa deve assumir seu papel de autor e ator nesse filme catastrófico que estamos vivendo. A fervura climática está aí para provar. É uma ida sem volta. Agora é tratarmos de regenerar relações, processos criativos e o que foi destruído no planeta. Desistir, jamais.

Previous
Previous

Questions for: Natalia Luglio

Next
Next

Get to Know: They are the present