Proposta Criativa: Liderança Feminina, o futuro do trabalho e o papel das organizações

Por Ana Candida Fraia

À frente da Falconi desde 2018, quando assumiu o cargo de presidente, Viviane Martins mostra que chegou mesmo para construir um novo momento com a empresa de consultoria. Líder nata, atual e inspiradora, ela certamente entra para o rol de líderes do futuro - pessoas preparadas e antenadas para as mudanças que vêm ocorrendo na sociedade e nas relações de trabalho.

Não à toa, ela foi escolhida como liderança para a ODS-8, que defende o trabalho decente e o crescimento econômico na Rede Brasil do Pacto Global da ONU. Em sua busca por levar o propósito da Falconi de impactar positivamente a sociedade para cada vez mais organizações, Viviane acredita que a mudança vem através da ação. Antes de levar novas propostas e soluções para seus clientes, que incluem gigantes como Ambev e BRF, a Falconi coloca em prática seus ideais, primeiro, internamente.

Exemplo disso tem sido a abordagem da empresa em relação à diversidade. O tema começou a ser tratado há cerca de cinco anos através de grupos internos representando pilares como: gênero, etnia e orientação sexual. Com a implementação desses grupos, criou-se oportunidades de debates importantes entre os colaboradores que resultaram na revisão das políticas da empresa. Assim, além de trazer mudanças reais e efetivas para dentro, a Falconi passa também a estruturar o modelo para ser replicado com seus clientes.

Além da diversidade, outros pontos têm se mostrado essenciais para as organizações que querem continuar crescendo e evoluindo no contexto em que vivemos. Entre eles, Viviane ressalta o ESG, a governança, a gestão de pessoas e o crescimento sustentável. "Ainda existe muito espaço para as empresas avançarem em quesitos como gestão de pessoas, sustentabilidade e governança. Se engana quem pensa que essas são questões relevantes apenas para as grandes. Para quem está começando agora, ter esses conceitos bem sólidos logo no início é uma ótima forma de criar vantagem competitiva".

Como conselho para as pequenas empresas, ela adiciona ainda a importância de ter um ouvido sempre muito ativo para as mudanças sociais que estão acontecendo. "É assim que se pode observar as dores dos consumidores, do mercado e das novas gerações que as grandes empresas não estão atendendo bem e usar a criatividade para encontrar seu espaço”.

Entre as mudanças trazidas pela pandemia, a CEO da Falconi considera a saúde mental e relações de trabalho como sendo as áreas que mais sofreram impacto. "Aquela liderança antiga que era mais baseada em comando e controle perde cada vez mais espaço com o home office. Estruturas muito verticais e hierarquizadas caem por terra, dando espaço cada vez mais para o trabalho em squads e times multifuncionais”. 

Já em relação à saúde mental, ela observa um questionamento crescente das pessoas sobre o que é realmente importante para elas e como as empresas e organizações influenciam nesse quesito. Quando o assunto é equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, Viviane acredita em integração em vez de separação dos dois mundos. Segundo ela, "organização e prioridades são essenciais nesse processo de integração. Todo mundo só tem 24h e esse é o ativo principal. Agora, o que você faz com as suas horas é o que vai determinar se você se sente bem ou não. É sobre autoconhecimento, saber o que é importante para você pessoalmente e profissionalmente”.

Apesar de se considerar privilegiada em sua trajetória, Viviane reconhece os desafios específicos que as mulheres enfrentam no ambiente de trabalho. "A realidade é que o percentual de mulheres na liderança ainda é muito pequeno e, quando ascendemos a este campo, passamos a conviver em ambientes essencialmente masculinos. E o problema vai muito além de casos graves como assédio. Ocorrem várias pequenas dificuldades, muito sutis, mas que vão sabotando as mulheres ao longo dos anos. Coisas como não deixar uma mulher falar em uma reunião, interrompê-la cada vez que ela vai colocar um ponto de vista, ser chamada de menina e por aí vai”. 

Por fim, como exemplo de mulher que "chegou lá", ela ressalta a importância de não se calar, de participar de debates, de colocar seu ponto de vista sempre que houver oportunidade e de não se deixar ser encolhida. "Há quem me diga: 'você nos inspira'. Eu acho uma responsabilidade grande demais e não ousaria dizer isso, mas acho também que é nossa responsabilidade (minha e de outras líderes), mudar o status quo de maneira pragmática. Olhar como estamos gerando oportunidades reais e efetivas para a promoção da diversidade e da inclusão. É preciso ir além do discurso e colocar em prática”.  

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Editorial: Sonho ou Plano

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